sexta-feira, 27 de maio de 2011

NA PONTA DA PENA DO CARCARÁ

O DUELO
Marcos Jardim
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Muitas vezes eu venci
(novas estradas)
na destreza de enfrentar
qualquer perigo.

No vacilo de empunhar
a minha espada,
tantas vezes me perdi
(caminho a esmo).

Nem assim me entreguei à vaidade.

Mesmo assim não me resta um inimigo.

Também pudera!...

Entre todas as batalhas
as mais sofridas
foram aquelas que lutei
comigo mesmo.

sábado, 21 de maio de 2011

NA PONTA DA PENA DO CARCARÁ

IMBUZADA COM CAROÇO
Marcos Jardim
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Sou cria do Seridó,
Das brenhas do catingote
Nunca vesti camiseta
Que se enfia no cangote.
Camisa? (...)
Só de botão.
Só uso calça folgada
E peixeira no cinturão.

Só sei comer de colher
Só tomo água dormida.
Não gosto de estrogonofes
Não como qualquer comida.
Coalhada? (...)
De leite cru.
Imbuzada com caroço,
Escaldado de angu.

O tear da Natureza
Aprendi a manejar.
Faço conta de cabeça
Sei de cor o bê-a-bá.
Escola? (...)
Não frequentei.
Garanto que os professores
Não sabem o que eu não sei.

Não gosto de arrodeio
Nem sou de mandar recado
Não me venha com pantim
Nem com muito caqueado.
Conselho? (...)
Não quero não.
Pois nem o Papa querendo
Eu mudo de opinião.

Só sei falar se for alto,
Não gosto de cochichado.
Se for prá falar eu falo
Se não for, fico calado.
É segredo? (...)
Então não diga.
Chafurdo e disse-me-disse
São coisas de rapariga.

Por pensar dessa maneira
Me chamam de atrasado.
Mas isso não me aflige,
Pois sou matuto arrochado.
Quer saber? (...)
Então escute:
Eu sei navegar na web
E possuo o meu Orkut.

Só digo que é quando vejo,
Só digo que dá quando sobra.
Não sou de contar vantagem
Pois mato e amostro a cobra.
Mentira? (...)
Não dou valor.
Minha palavra é mais forte
Que decreto de doutor.

Aprecio o tocador
Tocar num fole furado
Dou valor ao violeiro
No martelo malcriado.
Bebida? (...)
Tomo a brejeira.
Só fumo fumo de rolo,
Pé-duro de fim de feira.

Filme bom é faroeste
Que o artista ganha no fim.
Cabaré só presta brega
Circo bom é circo ruim.
Dança? (...)
Só gafieira.
E um cantor embriagado
Que só canta roedeira.

Pode dizer que sou grosso
Que eu sou mal educado,
Só uma coisa seu moço,
Me deixa desnorteado.
Quer que eu diga? (...)
É o carinho!!!
Nos braços de uma cabocla
Eu me derreto todinho.
           

marcosjsjardim@gmail.com

sábado, 14 de maio de 2011

MÚSICOS JARDINENSES SE UNEM PARA FUNDAR A ASSOCIAÇÃO CUTURAL ARTÍSTICO MUSICAL JARDINENSE – ACAMJA

Assembléia de Fundação da ACAMJA
Assembléia de Fundação da ACAMJA
Assembléia de Fundação da ACAMJA
Assembléia de Fundação da ACAMJA
Assembléia de Fundação da ACAMJA
Assembléia de Fundação da ACAMJA
Após a Assembléia muita música ao som de integrantes do Samba Só e Amazan
Após a Assembléia muita música ao som de integrantes do Samba Só e Amazan
Após a Assembléia muita música ao som de integrantes do Samba Só e Amazan


Foi realizada ontem, dia 13 de maio de 2011, a assembléia de fundação e escolha diretoria da Associação Cultural Artístico Musical – ACAMJA em Jardim do Seridó.

O evento foi realizado na Loja Maçônica União Jardinense e contou com a participação de profissionais da música que representaram os vários estilos musicais presentes em Jardim do Seridó como banda de música, música folclórica, samba, forró, repente, dentre outros, além de contar também com a presença de produtores e articuladores musicais.

A ACAMJA foi fundada com o objetivo de fomentar a arte musical em Jardim do Seridó, contribuindo para a revelação, valorização e divulgação dos músicos locais, além de propor ferramentas de capacitação musical aos interessados em ingressar na área musical.



1ª DIRETORIA DA ACAMJA
:

Presidente:
Aldeniz Araújo de Azevedo

Vice-Presidente:
Antônio Ferreira Dantas Júnior

1º Tesoureiro:
Edjanir ramos de Azevedo

2ª Tesoureira:

Laudimeiry Humberta Silva de Azevedo

1º Secretário:
José de oliveira Meira

2º Secretário:
Marcos Antônio do Nascimento

Diretor de Ações Culturais e da Cidadania:
Denilson Félix Aragão

Diretor de Operações: 
Gilberto valdeger de Azevedo

Conselho Fiscal:
Radilson Azevedo Cunha
Michel platinir cunha de Azevedo (suplente)

Comissão de Admissão:
Genilson de Azevedo Pereira
Emílio Alves Turídio

Comissão de Disciplina:
Francisco das chagas Azevedo
Augusto José de souza

ERA UMA VEZ NA TERRA DA CONCEIÇÃO

O PODER DOS OLHOS DELA

Marcos Jardim

O que levou Antônio de Azevedo Maia Neto a enveredar-se pras bandas do Vale do Jaguaribe e ser vaqueiro de um padre?

Eu aposto nos olhos.

Os olhos de Úrsula Leite de Oliveira, irmã do padre Cosme.

Garanto que qualquer cristão que aprecia as profundezas de um olhar encantador, é capaz de embrenhar-se de mato adentro, levando nos peitos os perigos da caatinga, só para se “mostrar” diante de tal encantamento.

Não seria um barbatão ou qualquer novilha desgarrada que iria atrapalhar a ventura de uma paixão: “Esse Neto é um danado!”.

E lá está ele (ou eu, ou você, ou qualquer um), amansador de bicho brabo, seduzido pelos arreios invisíveis de um olhar agateado.

Úrsula é uma das responsáveis pela disseminação da boniteza que marca, ainda hoje, a beleza das mulheres de nossa terra.

Com o passar do Tempo, os olhos foram se misturando num mar de cores preciosas. Porém, o feitiço do olhar permanece em variantes tonalidades arrebatadoras: começando pelo verde puxado para o azul– e aí você se perde na natureza de pedras raras – chegando até uma cor de mel que se desmancha num néctar embriagador.Ao cabra que não tem coragem de se apaixonar, vai aqui um conselho: é melhor não olhar.

 _________________
Antônio Neto e Úrsula casaram-se em idade avançada para a época: ele com, aproximadamente, 27 anos e ela, em torno de 22. Basta lembrar que o pai de Antônio Neto, Antônio de Azevedo Maia Júnior (fundador de Jardim do Seridó), casou com 17 e sua mãe, Micaela Dantas Pereira, com apenas 13 anos de idade.
Antônio de Azevedo Maia Neto (nasceu em 1785 em Conceição – Hoje Jardim do Seridó-RN)
Úrsula Leite de Oliveira (nasceu em 1790 no Vale do Jaguaribe-CE)
Teve o último filho com 50 anos de idade.

ELEIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA CULTURAL DOS AMIGOS DA CASA DE CULTURA POPULAR POETA ANTÔNIO ANTÍDIO DE AZEVEDO É REALIZADA NA CASA DE CULTURA POPULAR DE JARDIM DO SERIDÓ











Foi realizada ontem, dia 12 de maio de 2011, a eleição da nova direotira da Associação Comunitária Cultural dos Amigos da Casa de Cultura Popular Poeta Antônio Antídio de Azevedo, da cidade de Jardim do Seridó, uma associação privada sem fins lucrativas e autônoma, fundada em 2007 para contribuir no fomento à cultura artística em Jardim do Seridó/RN.

Durante o tempo hábil para inscrição das chapas, foi registrada uma chapa  (chapa 01) formada pelos associados:  Gilberto Valdeger de Azevedo (músico e historiador), Marcos José da Silva (educador, filósofo e poeta) ,Mário Fernandes Sobrinho (educador, historiador e poeta), Mônica Sabino de Oliveira (educadora e atriz), Aldjapatricia  de Azevedo Cunha (educadora), Denilson Félix Aragão (músico), Antônio Ferreira Dantas Júnior (educador, historiador, músico e articulador cultural), Antônio Gregório de Azevedo Filho (articulador cultural), Diógenes de Araújo Santiago (ator),  Gilvani Alves da Silva - Vavá Pan (educador e músico) , Edjanir Ramos de Azevedo (músico), José da Noite de Medeiros (educador e pesquisador).

A eleição foi caratezizada pela democracia e transparência, percebidas na comissão eleitoral, associados  candidatos e associados votantes.

Na oportunidade, foram apurados 39 votos para a chapa 01  e 02 votos brancos, totalizando 41 sócios votantes.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

NA PONTA DA PENA DO CARCARÁ

ESSA SENHORA
Marcos Jardim


Vejam essa senhora ao nosso lado:
O que a fez um dia
Arrumar-se, toda faceira
Vestir-se de vaidade
Apaixonar-se e se entregar
E se despir ...

Sentir dores inimagináveis
Perder noites e dias em vigílias.

Quantas orações tecidas!
Quantas canções de ninar!

E diz a ciência:
Que não é mais que útero, ovários, trompas,
Varizes, seios ...

E ainda mais: potássio, cálcio, carbono ...
: pó.

Reparem nessa senhora:
Olhos de adivinho
Mãos de timoneiro
Braços de lavrador.

Onde procuramos o ouro, a prata, o diamante
Faz-se de veio, a mina.

Onde procuramos a água, o sal
Faz-se de poço, a fonte.

E, se um dia a trairmos e estraçalharmos sua alma
E, se na fuga não existirem mais caminhos
E, se a escuridão tomar conta de nós

Ela ainda estará à porta
Essa incansável senhora

A abrir-se

Coberta de luz.


terça-feira, 3 de maio de 2011

BANDA MUSICAL EUTERPE JARDINENSE

 

A década de 50 do séc. XIX foi um momento de diversas transformações políticas, econômicas e culturais naquele local hoje denominado de Jardim do Seridó, as quais se podem citar a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a emancipação política do município com elevação da Povoação da Conceição do Azevedo a categoria de Vila do Jardim e a instalação do município com o funcionamento da Câmara Municipal. Acompanhando esse ambiente de mutações, desenvolveram-se iniciativas voltadas também para a prática artística e cultural na ‘futura’ cidade. Assim sendo, no ano de 1859, foi fundada na então Vila do Jardim pelo Tenente Coronel da Guarda Nacional Manoel Idelfonso de Oliveira Azevedo (pai do Cel. Felinto Elísio) a banda de música batizada de “Sociedade Musical da Vila Conceição do Azevedo”, inicialmente composta em sua maioria por lideranças políticas do local - como o próprio fundador -, integrantes da organização paramilitar conhecida como Guarda Nacional e seus familiares, como Antônio de Azevedo Maia Neto (Antônio Padre) que era pai do fundador da associação musical e capitão da Guarda Nacional e José Rodrigues Viana, cunhado do Ten. Cel. Manoel Idelfonso de Oliveira Azevedo.

Somente no ano de 1906 – quarenta e sete anos após a sua fundação -, sob a regência do farmacêutico Dr. Heráclio Pires, a agremiação musical passa a pertencer ao Governo do Município de Jardim do Seridó, havendo nesse momento também a alteração de sua denominação para Banda Musical Euterpe Jardinense, em alusão a musa mitológica Euterpe, filha de Mnemosina, a deusa da memória e de Zeus, a qual segundo a cultura grega significa “plena alegria” ou delícia, sendo essa considerada a musa da alegria e da música.

Com a municipalização da Associação Musical (a partir de agora denominada de Banda Musical Euterpe Jardinense), o engajamento de indivíduos de outros setores da sociedade local provavelmente pôde tornar-se mais acessível, visto que nesse momento, essa tenha passado a pertencer ao setor público, sendo percebido aí também, uma participação mais ativa da igreja para com a banda de música local, custeando inclusive instrumentos musicais, os quais possivelmente eram antes adquiridos pelos próprios integrantes da banda. A partir dos primeiros anos e décadas do século XX, percebeu-se que pessoas de vários estratos sociais da cidade ou de outras localidades enveredaram-se na arte da música instrumental, aprendendo e tornando-se músicos, ou até mesmo atuando como regentes, tendo como exemplo, o regente e compositor Felinto Lúcio Dantas, da cidade de Carnaúbas dos Dantas.

Durante a II Guerra Mundial, a Banda Euterpe participava ativamente das manifestações de apoio ao Brasil, por meio de desfiles que aconteciam durante esse período, desfiles os quais eram acompanhados pela população durante todo o percurso, apreciando os acordes e melodias executadas em forma de dobrados e marchas.

O período tido como “áureo” da Euterpe – motivado pelo destaque que a filarmônica adquiriu e de sua visibilidade no cenário estadual, assim como em outras regiões do país -, foi durante a década de 70. Sob a regência de Jaime de Medeiros Brito, a Euterpe participou de festividades religiosas e apresentações em várias cidades do RN e em eventos culturais na capital do Estado, chegando a representar o Rio Grande do Norte no Campeonato Nacional de Bandas de Música promovido pela FUNARTE e apoiado pela Rede Globo de Televisão.

Após Jaime Brito ter deixado a regência da instituição musical, o Sr. Valdemar Antônio de Souza e posteriormente José de Oliveira Meira, assumiram a regência da banda e deram continuidade ao trabalho realizado pelo antecessor, tanto no que concerne ao desenvolvimento musical como disciplinar, além das inúmeras participações em encontros, eventos cívico-religiosos e campeonatos, nesses últimos, sempre despontando nas primeiras colocações.

Além de Jaime de Medeiros Brito, Valdemar Antônio de Souza e José de Oliveira Meira, é interessante destacar dentre os trinta e cinco maestros que brilhantemente contribuíram para a história da Euterpe os mestres: Felinto Lúcio Dantas, Severino Ramos de Azevedo (Galinho) e Ronald Moreira de Castro.

Atualmente, a Banda Euterpe Jardinense tem à frente o Sr. Orilo Segundo Dantas de Melo, talento nato da música seridoense, que por sinal é o maestro com maior tempo de atuação na filarmônica (dezoito anos), músico reconhecido pelo seu dom de compor e construir arranjos, os quais fazem parte do repertório de filarmônicas de todo Rio Grande do Norte e de algumas cidades da Paraíba, tendo inclusive peças musicais gravadas por bandas e orquestras do estado.

Por fim, o povo jardinense deve se orgulhar de ter uma instituição musical como essa em sua cidade, que mescla sua história com a própria história do município, desde sua fundação até os dias atuais, perpetuando sua arte às vezes considerada arcaica e “fora de moda”, mas que na verdade é incompreendida por alguns que não entendem a beleza, a necessidade e a relevância de uma filarmônica no desenvolvimento ou mesmo no cotidiano de uma sociedade. 

Por: Antônio Ferreira Dantas Junior (Junhão)

Fonte: http://coretojs.blogspot.com/2009/08/comemoracoes-pelo-sesquicentenario-da.html