terça-feira, 3 de maio de 2011

BANDA MUSICAL EUTERPE JARDINENSE

 

A década de 50 do séc. XIX foi um momento de diversas transformações políticas, econômicas e culturais naquele local hoje denominado de Jardim do Seridó, as quais se podem citar a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a emancipação política do município com elevação da Povoação da Conceição do Azevedo a categoria de Vila do Jardim e a instalação do município com o funcionamento da Câmara Municipal. Acompanhando esse ambiente de mutações, desenvolveram-se iniciativas voltadas também para a prática artística e cultural na ‘futura’ cidade. Assim sendo, no ano de 1859, foi fundada na então Vila do Jardim pelo Tenente Coronel da Guarda Nacional Manoel Idelfonso de Oliveira Azevedo (pai do Cel. Felinto Elísio) a banda de música batizada de “Sociedade Musical da Vila Conceição do Azevedo”, inicialmente composta em sua maioria por lideranças políticas do local - como o próprio fundador -, integrantes da organização paramilitar conhecida como Guarda Nacional e seus familiares, como Antônio de Azevedo Maia Neto (Antônio Padre) que era pai do fundador da associação musical e capitão da Guarda Nacional e José Rodrigues Viana, cunhado do Ten. Cel. Manoel Idelfonso de Oliveira Azevedo.

Somente no ano de 1906 – quarenta e sete anos após a sua fundação -, sob a regência do farmacêutico Dr. Heráclio Pires, a agremiação musical passa a pertencer ao Governo do Município de Jardim do Seridó, havendo nesse momento também a alteração de sua denominação para Banda Musical Euterpe Jardinense, em alusão a musa mitológica Euterpe, filha de Mnemosina, a deusa da memória e de Zeus, a qual segundo a cultura grega significa “plena alegria” ou delícia, sendo essa considerada a musa da alegria e da música.

Com a municipalização da Associação Musical (a partir de agora denominada de Banda Musical Euterpe Jardinense), o engajamento de indivíduos de outros setores da sociedade local provavelmente pôde tornar-se mais acessível, visto que nesse momento, essa tenha passado a pertencer ao setor público, sendo percebido aí também, uma participação mais ativa da igreja para com a banda de música local, custeando inclusive instrumentos musicais, os quais possivelmente eram antes adquiridos pelos próprios integrantes da banda. A partir dos primeiros anos e décadas do século XX, percebeu-se que pessoas de vários estratos sociais da cidade ou de outras localidades enveredaram-se na arte da música instrumental, aprendendo e tornando-se músicos, ou até mesmo atuando como regentes, tendo como exemplo, o regente e compositor Felinto Lúcio Dantas, da cidade de Carnaúbas dos Dantas.

Durante a II Guerra Mundial, a Banda Euterpe participava ativamente das manifestações de apoio ao Brasil, por meio de desfiles que aconteciam durante esse período, desfiles os quais eram acompanhados pela população durante todo o percurso, apreciando os acordes e melodias executadas em forma de dobrados e marchas.

O período tido como “áureo” da Euterpe – motivado pelo destaque que a filarmônica adquiriu e de sua visibilidade no cenário estadual, assim como em outras regiões do país -, foi durante a década de 70. Sob a regência de Jaime de Medeiros Brito, a Euterpe participou de festividades religiosas e apresentações em várias cidades do RN e em eventos culturais na capital do Estado, chegando a representar o Rio Grande do Norte no Campeonato Nacional de Bandas de Música promovido pela FUNARTE e apoiado pela Rede Globo de Televisão.

Após Jaime Brito ter deixado a regência da instituição musical, o Sr. Valdemar Antônio de Souza e posteriormente José de Oliveira Meira, assumiram a regência da banda e deram continuidade ao trabalho realizado pelo antecessor, tanto no que concerne ao desenvolvimento musical como disciplinar, além das inúmeras participações em encontros, eventos cívico-religiosos e campeonatos, nesses últimos, sempre despontando nas primeiras colocações.

Além de Jaime de Medeiros Brito, Valdemar Antônio de Souza e José de Oliveira Meira, é interessante destacar dentre os trinta e cinco maestros que brilhantemente contribuíram para a história da Euterpe os mestres: Felinto Lúcio Dantas, Severino Ramos de Azevedo (Galinho) e Ronald Moreira de Castro.

Atualmente, a Banda Euterpe Jardinense tem à frente o Sr. Orilo Segundo Dantas de Melo, talento nato da música seridoense, que por sinal é o maestro com maior tempo de atuação na filarmônica (dezoito anos), músico reconhecido pelo seu dom de compor e construir arranjos, os quais fazem parte do repertório de filarmônicas de todo Rio Grande do Norte e de algumas cidades da Paraíba, tendo inclusive peças musicais gravadas por bandas e orquestras do estado.

Por fim, o povo jardinense deve se orgulhar de ter uma instituição musical como essa em sua cidade, que mescla sua história com a própria história do município, desde sua fundação até os dias atuais, perpetuando sua arte às vezes considerada arcaica e “fora de moda”, mas que na verdade é incompreendida por alguns que não entendem a beleza, a necessidade e a relevância de uma filarmônica no desenvolvimento ou mesmo no cotidiano de uma sociedade. 

Por: Antônio Ferreira Dantas Junior (Junhão)

Fonte: http://coretojs.blogspot.com/2009/08/comemoracoes-pelo-sesquicentenario-da.html

Um comentário:

  1. Uma beleza a banda de música de Jardim. Costume do passado que ainda faz muito sucesso nos dias de hoje.

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